terça-feira, 25 de maio de 2010

quarta-feira, 19 de maio de 2010

monografia de Leticia Kamada

CONSIDERAÇÕES FINAIS


Na Era denominada “da Imagem” não há silêncio. A “Era da Imagem” é audiovisual. O cinema não é mais mudo desde Thomas Edison, com o fonógrafo1 e as rádios agora são online. As mídias digitais e as novas ferramentas multimídia possibilitaram finalmente uma “obra de arte total”, como a proposta pelo compositor alemão Whilhelm Richard Wagner, no século XIX.

O conceito sobre a convergência dos meios apontado por Wagner, aproxima-se das mais recentes inovações na esfera do remix. Um artista do século XXI tem muito mais condições de realizar o ideal de uma “obra de arte total” do que um artista do século XIX. Observamos que a arte contemporânea vem se construindo a partir desses novos referenciais tecnológicos em suas formas híbridas.

Para ilustrar as formas híbridas emergentes, partimos do princípio da fórmula “a+b=c”, onde “a+b” seria a soma da arte sonora e da arte visual, e “c” o elemento resultante dessa soma – representado aqui pelos remixes audiovisuais, especificamente os mashups. Sem dúvida, os experimentos de Lev Kuleshov e o movimento da música visual foram peças fundamentais no levantamento histórico e teórico desta pesquisa, pois abriram as portas para esse novo universo da percepção, que sempre fez parte da apreciação estética, mas que nunca na modernidade havia sido colocado de maneira tão transparente.

Através das obras de Kandinski, consideradas por Roger Fry a “tradução da música para a pintura”2 e das teorias de Eisenstein, descobrimos ressonâncias da tradição oriental que nos remeteram, dentre outros aspectos, à linguagem hipertextual dos meios digitais. Ambos utilizaram conceitos, noções e percepções da cultura japonesa para fundamentar suas teses. Eisenstein, por exemplo, seguiu o princípio da formação dos ideogramas japoneses em analogia a fórmula “a+b=c” em sua montagem.

O artista plástico Kandinski foi bastante enfático no aspecto da busca pela harmonia entre o contraponto rítmico das formas visuais e musicais, fazendo constantemente referência ao “Gesamtkunstwerk”, que embora fosse um conceito neo-romântico, o levava para a nova arte híbrida.

No entanto, mesmo diante da diversidade de experimentos e conceitos levantados por esses autores/artistas, os suportes existentes até então não permitiam a concretização efetiva de suas idéias. Foi somente com o desenvolvimento tecnológico e o advento da internet, que estas idéias encontraram, nos meios digitais, o suporte ideal para manifestarem-se efetivamente. O remix tornou-se então uma prática usual no ciberespaço.

A recombinação de conteúdos, o “copiar e colar”, agora são ação intrínseca ao cotidiano do meio digital. A cultura do compartilhamento de arquivos online, tornou qualquer tipo de arquivo acessível e passível de manipulação e recontextualização. Essa tecnologia facilitou também as produções independentes, na medida que qualquer usuário com acesso a essas ferramentas passou a deter os meios de produção e distribuição de suas obras. E é nesse contexto que surgiram os mashups, levantando questões sobre a utilização da colagem como linguagem estética, a colaboração, a interação e a autoria na criação coletiva.

Músicos e artistas passaram a atuar e interagir em espaços físicos diferentes e a contínua ampliação da velocidade de transmissão de dados pela rede desterritorializou a informação. Tais experiências conduziram a um processo de democratização dos meios de produção e da incorporação de novas experiências musicais3 e visuais como é o caso do álbum-mashup “Thru You”, analisado nesta pesquisa.

Partindo dessa premissa como identificar a estética própria do mashup?

Na história do audiovisual, o som, a música ou a trilha sonora foram sempre utilizados como apoio às imagens e em função delas, ou no máximo, estabelecendo uma relação sem hierarquias, mas nunca a imagem esteve em função do som, como acontece nos mashups. Na montagem dos construtivistas russos, por exemplo, cada representação tornava-se essencial e única no papel das correlações e o objetivo de tal manipulação, ou seja, dos cortes da edição, era suscitar no espectador a percepção e os sentimentos em mesma intensidade e sem hierarquias. No caso específico dos mashups, a edição sonora está em primeiro plano, os seja, as imagens são conseqüência direta dessa edição executada pelo compositor.

A grande especificidade dessa “categoria” do remix – os mashups – reside onde os elos intermediários da justaposição desaparecem – na soma de “a+b” – e o conjunto de elementos indica diretamente um novo conceito.

McLuhan4 atenta para o fato que no início de uma nova tecnologia, o homem despeja tudo que havia antes produzido nesse novo meio, utilizando as mesmas formas e conteúdos, copiando e colando de um meio para o outro. Enquanto o homem experimenta e aprimora os novos meios, a tendência é continuar transpondo linguagens pré-existentes para a nova mídia. Porém, em contrapartida a essa tendência, o álbum-mashup “Thru You”5, representa a quebra entre antigas e novas formas de linguagens, explorando diferentes possibilidades de relações entre elas e as características específicas do meio do qual emerge.

O que fica evidente nessa pesquisa dos mashups é o teor híbrido, multidisciplinar, colaborativo e interativo que a convergência dos meios artísticos, aliada ao desenvolvimento tecnológico possibilitou no campo do audiovisual. Suscitou inúmeras indagações e infinitas leituras a partir das obras de seus artistas, certamente tão variadas quanto as interpretações musicais possíveis. Isso nos revela o quanto é longo o caminho a percorrer para explorarmos o fenômeno musical e relacioná-lo às artes visuais.

1MACHADO, “Pré-cinema e Pós-cinemas”.

2Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Visual_music (acessado em 20/09/09).

3LUCENTINI, 2005, p.213.

4MCLUHAN, 1999.

5Anexo um cd com os 7 mashups do álbum “Thru You”, de Kutiman. Porém, indicamos o site oficial www.thru-you.com como sendo a melhor maneira de entrar em contato com essa obra, pelo caráter interativo onde o autor disponibiliza os créditos e os links para os vídeos originais.

http://monografiacisme.wordpress.com/

sábado, 8 de maio de 2010

terça-feira, 4 de maio de 2010

bibliografia sobre roteiro - Prof. Pierre

livros para roteiro.


CAMPOS, Flávio de. Roteiro de Cinema e Televisão: A arte e a técnica de imaginar, perceber e narrar uma estória. Jorge Zahar Editora: Rio de Janeiro, 2007.


SEGER, Linda. Como Criar Personagens Inesquecíveis. Bossa Nova Editora: São Paulo, 2006.


CHION, Michel. O Roteiro de Cinema. Martins Fontes Editora: São Paulo, 1989.


REY, Marcos. O Roteirista Profissional – Televisão e Cinema. Editora Ática: São Paulo, 1997.


CARRIÈRE, Jean-Claude e BONITZER, Pascal. Prática do Roteiro Cinematográfico. JSN Editora: São Paulo, 1996.


COMPARATO, Doc. Da Criação ao Roteiro. Rocco Editora: Rio de Janeiro, 1995.


FIELD, Syd. Os Exercícios do Roteirista. Editora Objetiva: Rio de Janeiro, 1984.

FIELD, Syd. Manual do Roteiro. Editora Objetiva: Rio de Janeiro, 1985.

FIELD, Syd. Roteiro - Os fundamentos do Roteirismo. Arte & Letra Editora: Curitiba, 2009.

MCKEE, Robert - Story - Substância, Estrutura, Estilo e os Príncipios da Escrita de Roteiro. Arte & Letra Editora: Curitiba, 2006

MOSS, Hugo - Como formatar o seu roteiro. Editora Aeroplano: Rio de Janeiro, 2002.


BERGAN, Ronald. Guia Ilustrado Zahar Cinema. Jorge Zahar Editora: Rio de Janeiro, 2007.

Todos são livros bons e interessantes.
O livro do Hugo Moss é o mais barato e dá várias dicas sobre roteiro e sua construção.

Segue também o link do Celtx (programa gratuito que auxilia na formatação do roteiro e na produção):

www.celtx.com